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Animação à Paulista

O Brasil é um país estranho. Sua cidade mais conhecida, é desconhecida .
Gringos afora sabem do Rio. Modernosos antenados, sabem de Brasília até. Turistas austrais curtem Floripa. Europeus dissidentes, Fortaleza e afins. Povos fronteiriços, Rio Branco, Boa Vista, Macapá e confins.

Enquanto isso, São Paulo continua um enigma impenetrável, reservado aos gringos excêntricos ou desavisados. Pudera; os metrôs não dão mapa, os ônibus não apresentam itinerário, nosso aeroporto é uma rodoviária, não há placas em inglês, só se fala português e o povo encara gringos como aliens. São Paulo é o centro cosmopolita mais caipira do planeta.

Caipira é termo carinhoso para “aquele que não conhece o diferente”. Quem saiu de rolê por Tóquio, Nova Iorque, Paris, Londres ( ou mesmo aspirantes como Toronto, … ) sabe que a parada globalizou faz tempo. Qualquer jornada daqui a ali implica em gentes, cores, línguas e modos diferentes. Não aqui. Comparado a esses centros, pode-se dizer que em São Paulo não há gringos. Talvez um ou dois perdidos.
Somos nós em maioria, pobres ou ricos, sendo igualmente maltratados por uma megalópole que parece ter um plano, e que rapidamente nos recruta a cumprí-lo caso não tenhamos nossos próprios. Qual plano? Crescer. Sempre. Seja em tamanho seja em riqueza. Material ou cutural. Gerar diversidade. Ser a locomotiva que puxa vinte e cinco vagões. Sem parar. Nunca. Por isso, às vezes, a vida aqui nos parece tão brutal. Mas como as recompensas são de acordo, continuamos.

E no fim, os gringos desconhecem São Paulo tanto quanto nós, não mais. Playboys da Moóca que conhecem Lauzane Paulista, santanenses que frequentam o Morumbi, mauricinhos de Moema que visitam a zona do Tatuapé e cambucetenses que vão comer pizza em Pinheiros são tão raros quanto o silêncio. Somos bairristas de bairros. Frequentamos quando muito dois ou três. O resto é fim de mundo. E desconhecemos o centro da cidade como ninguém. Somos sui generis, meu.

Em criança, assisti e li todos os super heróis possíveis. Já adulto, ficou claro que tinha chegado a hora de criar meu próprio herói. Foi quando decidi homenagear minha casa que o Capitão São Paulo nasceu. Sem poderes ou fortuna, como a grande maioria de nós. Tendo que lidar com trânsito, enchentes, violência e estacionamentos caríssimos. Tendo a força de vontade como super poder supremo. Enfim, gente como a gente. Espero que um dia os paulistanos o conheçam como acho que deveriam conhecer a cidade; em relevos e profundidades.

São Paulo é uma cidade legal. Bem legal. Registro aqui meus parabéns e presto a homenagem com a arte com qual lido. Espero que a cada aniversário, eu possa prestar com mais, muito mais animações inspiradas na cidade que não dorme.
Parabéns a todos nós

fonte: mondovazio.com.br

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